Uma vez um aluno disse, ao fim de uma aula – “E ai, professor, você acha que eu sou muito ruim?”. A pergunta é interessante. O aluno em questão não era especialmente flexível. Também não estava no auge de seu condicionamento físico. Mas sua intenção era sincera. Quando ele estava ali, estava completamente. Corpo, mente, espírito. Se estivéssemos falando de uma aula de balé clássico, de judô ou dança de salão isso não bastaria. Acima de tudo, a forma seria o quesito mais importante. Mas, no caso do Yoga é diferente.
Acima de tudo, o Yoga é o caminho que o individuo toma quando quer ir em direção a si mesmo. Mesmo quando tomamos a palavra yoga como “hatha yoga”, ou seja, nos referindo a praticas físicas, não podemos nos esquecer de que mesmo os asanas (posturas) não são um fim neles mesmos. Quando usamos o a postura para tornar nosso corpo mais flexível, forte e saudável, nosso fim maior esta em usar o corpo físico para alcançar a mente. A mente é a fonte de todos os nossos problemas e insatisfações. E acima de tudo, é a fonte do problema fundamental do ser humano, que é o senso de inadequação. Porque eu me sinto inadequado eu procuro a segurança de um trabalho, do ganho financeiro, da casa própria, de um casamento. Por causa do vazio que sinto em mim, procuro todos os prazeres que a vida me oferece. Quando não trabalhamos, nos divertimos. Quando não nos divertimos, trabalhamos. Existe algo mais na vida? Estará mesmo nossa felicidade pendurada nesse ciclo frágil?
Para aqueles que sentem que esse vazio interno jamais poderá ser preenchido pelo ciclo vicioso do samsara (a relação da mente com o mundo manifestado), existe o Yoga. Se nossa intenção é firme, estamos no caminho. Se estamos no caminho, não podemos estar errados.
Assim, se existe alguém “ruim de Yoga”, é mais aquele que usa as posturas físicas para engrandecer o ego do que aquele que não tem a mínima flexibilidade física, mas cuja intenção norteia sua prática.